sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

A ESCOLA E SEUS DESAFIOS


Licenciatura em Computação
Educação e Diversidades – ED2

 

A ESCOLA E SEUS DESAFIOS
 

            Tratar de homofobia e preconceito racial, estereótipos e bullying no contexto escolar é algo bastante desafiador na medida em que ainda existe grande dificuldade nas praticas pedagógicas em saber lidar com essas situações.   É comum vivenciarmos nas escolas acontecimentos onde  existem  a presença de brincadeiras, provocações, ações fortalecidas com uso de palavras, gestos e todo de tipo de atitude repugnantes contra sujeitos cujas características diferem dos padrões e modelos culturalmente construídos em nossa sociedade. Escolas mais sensíveis e atentas a problemas dessa ordem procuram iniciar processos que combatam todo e qualquer tipo de discriminação e intolerância, contudo o principal entrave talvez seja compreender o significado da igualdade de todos indivíduos enquanto cidadãos, independentes de suas singularidades.
            A postura e o modo de agir com relação às diferenças que envolvam a alteridade, seja a questão racial, religiosa, de gênero, preferencia sexual, dentre outras; é algo coercitivo e muitas vezes já pré-concebido, o que acaba dificultando a adoção de medidas pedagógicas e socioeducativas de combate a práticas repugnantes contra a diversidade. Muitas vezes, seja no ambiente educacional ou até mesmo em qualquer outra esfera da sociedade, a ausência de informação no trato desses assuntos, bem como a falta de um diálogo aberto e transparente, acaba por contribui para o seu agravamento. A educação como um todo, necessita de princípios norteadores estruturados na diversidade cultural e que possam garantir a cidadania e a equidade.
            As questões étnico-racial, religiosa, cultural, territorial, físico-individual, geracional, de gênero, de orientação sexual, de opção política, de origem (nordestino), de classe social, dentre outros; devem ser temas amplamente discutidos no contexto educacional, ampliando-se o leque de informações que visem combater a violência e a discriminação. É indispensável a adoção de material didático e pedagógico cujo foco seja,  dentre outros; o de respeito a diferença,  e do reconhecimento do outro também com um ser social, colocando em xeque a problemática que envolva a convivência com a diversidade e a manifestação de repulsa e intolerância delas resultadas.
            O cotidiano das relações sociais de alunos entre si e de alunos com professores no espaço escolar, deve ser capaz de combater entraves ocasionados por conflitos oriundos de sentimentos etnocêntricos e deterministas. O espaço educacional ao lado do ambiente familiar, deve ter condições de assumir um lugar privilegiado nas vidas de todos os atores envolvidos nesse processo, sendo capaz de provocar de forma positiva reflexões acerca da diversidade e conscientizar alunos e professores sobre a importância de minimizar e se possível eliminar os graves problemas oriundos dos estigmas sociais que envolvam os sujeitos tido como diferentes.
            Hoje em dia a violência é algo que faz parte do nosso cotidiano social, sendo que em alguns casos está relacionada aos mais diferentes tipos de discriminação. Comumente temas como homofobia (violência contra homossexuais), intolerância religiosa, racismo (violência contra negros e indígenas), violência infantil, violência contra  mulheres, dentre outros; ainda são vistos em plena contemporaneidade.  Mesmo com atuação governamental através de programas e políticas de combate a esse tipo de violência e com a presença maciça de inúmeras instituições, seja de ordem social, religiosa, política; cabe a família, primeiramente, seguido pelas instituições educacionais, lugar de primazia e de grande relevância no combate  a qualquer tipo de agressividade contra o outrem.
            A capacidade de dirimir os conflitos enfrentados dentro das próprias escolas e contribuir para formação de sujeitos que valorizem a diferença ainda em um processo em formação em nossa sociedade. É extremamente importante praticas pedagógicas, bem como  a elaboração dos currículos e materiais de ensino que levem em conta a diversidade de culturas e de consciências coletivas dos mais diferentes grupos que integrem nossa sociedade.  A elaboração de  planos de combate à discriminação contra homossexuais, negros, mulheres, orientação religiosa, dentre outros tipos; é algo que deve ser discutido o quanto antes e deve ser aplicado não só na escola, mas em todos as esferas sociais.
            O ambiente escolar deve ser capaz de avançar nas discussões que envolvam a realidade social de nossas comunidades, uma vez que temas relacionados às diferentes identidades, a singularidade dos indivíduos, a diversidade, a sexualidade, as relações raciais e de gênero, estão sempre em foco no nosso cotidiano. Obviamente que tais temáticas não necessariamente devem-se assumir o lugar de conteúdos didáticos fundamentais para o pleno desenvolvimento do conhecimento humano no processo que envolve o ensino e a aprendizagem; antes, devemos ser capazes de discernir como tais processos estão presentes na formação humana, fatores que influenciam a formação do caráter dos indivíduos e por ter um aspecto emergencial deve ser amplamente trabalhado nas escolas, na tentativa de contribuir para uma convivência harmônica entre todos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
Gênero e Diversidade Na Escola. Formação de Professor em Gênero, Sexualidade, Orientação Sexual e Relações Étnico-Raciais. Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, 2009. 
 
CRUZ. Amadeu Roseli. Homossexualidade, homofobia e agressividade. Seu uso na educação escolar. Educar em Revista, Curitiba, Brasil, n. 39, p. 73-85, jan./abr. 2011. Editora UFPR. 
 
LARAIA. Roque de Barros. Cultura: um conceito Antropológico.  — 14.ed. — Rio de Janeiro: Jorge"Zahar Ed., 2001. 
 
Salto para o Futuro -educação e diversidade sexual -pgm.2 -Orientação Sexual e Identidade de Gênero. Disponível em <http://tvescola.mec.gov.br/index.php?option=
com_zoo&view=Item &item_id=9720>. Acesso em 15 de fevereiro de 2014. 
 
ROCHA, Everardo.  O que é Etnocentrismo. São Paulo: Editora brasiliense, 1994. 
 
Superando o Racismo na Escola. Disponível em <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me4575.pdf>. Acesso em 12 de fevereiro de 2013.  
 
Vida Maria. Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v= OUYkei8cI6I>. Acesso em 12 de fevereiro de 2014.
 

 
REFLEXÃO
 
Vídeo sobre o dia da Consciência Negra
 
Fonte:http://www.youtube.com/watch?v=Rm8FaevBl6M
 
Música Sobre o dia da Consciência Negra
 
Fonte:http://www.youtube.com/watch?v=9CZceQqTUq0





Fonte: http://www.bispomacedo.com.br/2012/09/11/onde-esta-a-diferenca/

A Sociedade Contemporânea e os desafios da Educação


Licenciatura em Computação
Educação e Diversidades - ED1

 
 
 
 
A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E
OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO 

          Vivemos em uma sociedade onde a cultura condiciona nossa a visão acerca do mundo e onde as categorizações sociais estão carregadas de paradigmas. Nossa herança cultural, fundamentada em valores, regras, modelos, sentimentos, definições, sempre nos condiciona a reagir com desprezo e indiferença em relação ao comportamento e estereótipo daqueles que agem de forma  diferente dos padrões pré-estabelecidos e aceitos socialmente pela maioria das pessoas. Questões como etnocentrismo, determinismo, discriminação, preconceito, intolerância a diversidade e a diferença, racismo; dentre outros, estão arraigadas em nossa sociedade nas suas mais diferentes esferas e parecem ainda longe de serem superados.

         Politicas de enfrentamento, na tentativa de aceitar a alteridade, vem sendo implementadas em alguns setores cruciais; contudo, se deparam com um tipo de comportamento padronizado pelo nosso sistema cultural, em uma espécie de consciência coletiva, cujo modo de ver o mundo, as apreciações de ordem moral e valorativa, dificultam o processo de empatia; ou seja, a tendência para sentir o que sentiria caso estivesse na situação e circunstâncias experimentadas por outra pessoa.

         É comum em nossa sociedade, nos seus mais diferentes ambientes, inclusive o escolar, percebermos certo estranhamento àquele considerado pelo senso-comum como diferente.  Frequentemente nos deparamos com problemas concretos e práticos que nos levam a refletirmos sobre os mecanismos, as formas, as razões e os caminhos pelos quais, tantas e tão profundas distorções se perpetuam nas emoções, pensamentos, imagens e representações as avessas que fazemos da vida daqueles que consideramos diferentes de nós.  Não apenas a questão racial, mas também as questões de gênero, orientação sexual, religião, classe social, estereótipo, nome, região de origem (nordestino), dentre outros; poluem o imaginário daqueles que se jugam normais e cuja dificuldade é expressa na tentativa entender a diversidade.

         Com certa facilidade encontrarmos no nosso cotidiano, pessoas cujos sentimentos e pensamentos são etnocêntricos, mesmo não demonstrando intransigência para com o diferente de forma veemente. Corroborando com isso, vislumbrarmos indivíduos cuja visão de mundo do grupo a que pertençam é tomada como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos a partir de seus conceitos, onde seus significados culturalmente construídos são tomados com certo e os dos outros com aquilo que está errado.   Essas atitudes, na esfera racional configuram-se como a dificuldade de se pensar a diferença e no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, aversão, dentre outras expressões.

         Ser intransigente não é algo incomum, uma vez que em nossos dias, a sociedade do “eu”  ainda é entendida como a melhor, a superior e tudo que difere disso causa estranhamento. Posturas etnocêntricas acabam gerando atitudes exacerbadas e até cruéis de encarar o outro, o diferente, onde em situações extremas, encontramos inclusive a presença de violência. E quando dizemos isso, basta olhar para universo que nos rodeia; não escapando nem mesmo o contexto escolar.

         É na escola na verdade que, depois da família, se trava os primeiros embates acerca de como lidar com as questões que envolvam esses assuntos. Se a família falhar, ainda mais dura será a missão do educador em fazer como que todos os envolvidos no processo educativo possam aprender a relativizar ainda cedo. Destarte, acerca disso, quando compreendemos o outro nos seus próprios valores e conceitos e não nos nossos, estamos relativizando e estamos aprendendo a conviver com o diferente.  Segundo Rocha (1994), relativizar é não transformar a diferença em hierarquia, em superiores e inferiores ou em bem e mal, mas vê-la na sua dimensão de riqueza por ser diferença.

         A escola, cujo lugar onde comumente acontecem problemas  relacionadas a racismo, preconceito e discriminação; deve adotar medidas poderosas de combate a esse tipo de atitude, trabalhando na mente das pessoas, desde pequenas que apesar das diferenças no nosso estereótipo, somos todos iguais. Entretanto, de nada adiantará o papel do educador se o individuo não tiver uma boa educação familiar, pois está é a base de tudo; passando a escola a atuar com um suporte e uma extensão da família, não apenas no processo de ensino e aprendizagem, mas também como forte papel na construção do caráter dos alunos, a medidas que contribui também para construção das nossas funções morais e valorativas.

         A melhoria da prática pedagógica a partir da compreensão da diversidade somente é possível, com o esforço conjunto de educadores, familiares, politicas públicas específicas e articuladas pelo Estado, que visem mitigar todo e qualquer tipo de discriminação, preconceito, racismo ou qualquer tipo de sentimento que expresse repulsa para com o semelhante, ora visto com diferente. Saber lidar com a alteridade é um desafio para todos nós, mesmo aqueles que se jugam como toleráveis, compreensivos, empáticos e transigentes.

         A escola deve estar preparada para abordar estes assuntos e saber lidar com situações dessa ordem. Os professores devem ser os primeiros a superar tais sentimentos e servirem de modelo para os alunos, especialmente na condução de situações concretas onde possuam alunos ditos como diferentes pelos demais, seja pela cor de sua pele, religião, pela sua orientação sexual, por questões de gênero, classe social ou qualquer outro fator que cause estranhamento.

         As praticas pedagógicas e politicas públicas voltadas para esses assuntos, devem primar pela igualdade de todos. No contexto escolar deve-se construir caminhos que valorize o individuo enquanto ser humano independente de suas singularidades, além de elaborar e adotar práticas que elimine qualquer tipo de atitudes discriminatórias. É importante ainda que a escola rompa com doutrinas, princípios, métodos de educação e atividades instrutivas que promovam a desvalorização das minorias, buscando iniciativas contrárias a ideias deterministas. Tais concepções,  contribuíram para uma educação inclusiva e mais cidadã, visando a valorização de todos.
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DAMATTA. Roberto. Relativisando: uma introdução à Antropologia Social. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 6ª edição, 2000.

DAMATTA. Roberto. O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro: Editora Rocco, 12ª edição, 2001.
 
Gênero e Diversidade Na Escola. Formação de Professor em Gênero, Sexualidade, Orientação Sexual e Relações Étnico-Raciais. Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, 2009.
 
LARAIA. Roque de Barros. Cultura: um conceito Antropológico. — 14.ed. — Rio de Janeiro: Jorge"Zahar Ed., 2001.
Salto para o Futuro -educação e diversidade sexual -pgm.2 -Orientação Sexual e Identidade de Gênero. Disponível em <http://tvescola.mec.gov.br/index.php?option=com_zoo&view=Item
&item_id=9720>. Acesso em 15 de fevereiro de 2014. 


ROCHA, Everardo.  O que é Etnocentrismo. São Paulo: Editora brasiliense, 1994.
Superando o Racismo na Escola. Disponível em <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me4575.pdf>. Acesso em 13 de novembro de 2013.
 

Vida Maria. Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=OUYkei8cI6I>.
Acesso em 12 de fevereiro de 2014.


TUDO BEM SER DIFERENTE

 
 











PROJETO: “TUDO BEM SER DIFERENTE”
Retirado do BLOG de EDMA "Partilhando idéias e ideais"

OBJETIVOS:
1. Trabalhar a diversidade em sala de aula e na sociedade.
2. Mediar a construção de identidades raciais e de gênero positivas.
3. Estimular o respeito às diferenças.
4. Proporcionar o conhecimento de diversas formas de mobilidade, comunicação e integração das pessoas portadoras de necessidades especiais.
PÚBLICO: ENSINO FUNDAMENTAL

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Educação e Diversidades

Maria, Maria

Milton Nascimento


Maria, Maria
É um dom, uma certa magia
Uma força que nos alerta Uma mulher que merece
Viver e amar
Como outra qualquer
Do planeta
Maria, Maria
É o som, é a cor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que ri
Quando deve chorar
E não vive, apenas aguenta
Mas é preciso ter força
É preciso ter
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria
Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida
Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria
Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca P
ossui a estranha mania
De ter fé na vida
Ah! Hei! Ah! Hei! Ah! Hei!
Ah! Hei! Ah! Hei! Ah! Hei!!
Lá Lá Lá Lerererê Lerererê
Lá Lá Lá Lerererê Lerererê
Hei! Hei! Hei! Hei!
Ah! Hei! Ah! Hei! Ah! Hei!
Ah! Hei! Ah! Hei! Ah! Hei!




Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=OUYkei8cI6I


RESUMO:

O vídeo conta uma narrativa que se passa no sertão nordestino e  retrata a vida de Maria
José, uma menina a quem lhe é negado o direito de ter infância, tendo ela que deixar os
estudos e trabalhar para ajudar a família.  A narrativa inicia com a menina ajoelhada em
uma cadeira, apoiando um caderno sobre o parapeito da janela,
no qual está escrevendo.  Em seguida sua mãe, Maria Aparecida, a impede de continuar
fazendo aquela tarefa que lhe parecia tão prazerosa, obrigando-a a ajudá-la nos afazeres.
Seguindo sua difícil  trajetória a menina cresce, casa, tem vários filhos, executa sua rotina de
múltiplas tarefas, envelhece e em meio a isso vai se tornando uma pessoa mais rude.
O último de seus filhos é uma menina, a quem dá o nome de Maria de Lurdes.  Com o passar
do tempo  quando Maria José vê a filha escrevendo no caderno, vai ao seu encontro e repete
para ela o que ouvira de sua mãe quando criança, que ela não deve perder tempo
“desenhando o seu nome” e exige que a menina a ajude nas tarefas, perpetuando a sina
das Marias da família. Na última cena, o vento sopra e folheia ao contrário o caderno no
qual Maria de Lurdes escrevia e assim percebe-se que as personagens usavam o mesmo
caderno ao longo da narrativa, uma vez que cada velha folha que o vento sopra há um outro
nome escrito, Maria de Lurdes, Maria José, Maria Aparecida, Maria de Fátima e Maria do
Carmo, reforçando a ideia de que a história foi se repetindo ao longo do tempo.






PRODUÇÃO: 


O Vídeo é uma produção cearense de Joelma Ramos e Marcio Ramos, que também
foi o seu diretor, editor e roteirista. Foi patrocinado pelo 3º Prêmio Ceará de
de Cinema e Vídeo, Governo do Estado do Ceará e Secretaria da Cultura. O filme faz
uma reflexão acerca da transmissão cultural  de um modo de vida, hábitos e valores
em meio bastante humilde e sofrido da realidade social, política, ecológica e econô-
mica do nordeste brasileiro.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

ED03: O uso do blog na prática educacional

 
Licenciatura em Computação
Tecnologias da Informação e da Comunicação em Educação 
ED03: O uso do blog na prática educacional
 
 
Quarta-Feira, 11 de Dezembro de 2013.
 
 
 O USO DO BLOG COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA
 
 
 

Favorece a participação coletiva, formando autores, coautores, leitores assíduos e alunos mais envolvidos com a leitura e a escrita
Por Claudia Rodrigues*
 
 
 
  15/09/2011
A inquietação é o que move um professor. Essa lição eu aprendi nos primeiros dias da faculdade, influenciada por alguns professores que desenvolviam pesquisas sobre a prática de ensino. Durante a graduação, eu acreditava que essa inquietação era apenas a ansiedade e o desejo de dar aulas. Mas, com o tempo, entendi que se inquietar diante das adversidades de uma sala de aula trata-se mais de um perfil que o educador deve desenvolver.
 
Muitos professores têm a mesma inquietação: reconhecemos a importância da tecnologia para o ensino e a aprendizagem, mas sabemos pouco o que fazer com ela. Sem muita informação, abre-se espaço para as velhas crenças: a tecnologia vai substituir o professor e a internet irá acabar com a linguagem. Enfim, são crenças ultrapassadas que mascaram o medo do professor inovar.
 
Antes de iniciar minha pesquisa de mestrado, minha inquietação era sobre como trabalhar com tecnologia em sala de aula. Não tinha conhecimento, mas era movida pela tese de que deveríamos deixar de lados os modismos e procurar pôr práticas eficientes, que pudessem colaborar mais com o ensino. Assim, realizei uma pesquisa empírica na tentativa de compreender melhor o uso da tecnologia em sala e estabelecer parâmetros de uso do recurso com maior eficiência. Como fundamentação do estudo, destaquei a importância da tecnologia no contexto educacional e a emergência de novos gêneros discursivos nas aulas de português. Esses pontos levaram também à revisão da prática de ensino que hoje não pode excluir a linguagem e a comunicação que ocorrem na internet.
 
O objetivo central da pesquisa foi o de estudar como o blog poderia ser utilizado enquanto estratégia motivadora para o ensino de escrita na escola. Os caminhos me levaram a um estudo voltado para a pesquisa-ação, já que o ponto de partida era o contexto em que eu trabalhava. As ferramentas pedagógicas que tinha a meu dispor e o que sabia sobre elas exigiam uma mudança de postura pedagógica, pois, embora considerasse a internet um recurso legítimo e contemporâneo para o trabalho em sala de aula, pouco sabia o que fazer com a tecnologia durante as aulas.
 
Inicialmente, elaborei um blog que tinha como proposta verificar a validade de minhas concepções. Foi um fracasso. Embora ele indicasse um alto número de acessos, havia apenas uma participação. Ao buscar pistas que pudessem responder o porquê do insucesso, a análise dos dados apontou que o espaço tinha um dono: o professor, já que o blog era centralizado em sua imagem, suas intenções, suas crenças, seus objetivos e suas leituras. Os alunos não participavam porque não entendiam a tarefa. O intuito do blog estava distante deles. No começo, pensei em abandonar o estudo e reconhecer que a relação internet e ensino era verdadeiramente uma “moda”. Mas as pistas sinalizavam também para outras descobertas.
 
Na verdade, o blog revelou tudo o que não se deve fazer quando se usa tecnologia em sala de aula. O insucesso conduziu a um novo estudo que foi formatado a partir das pistas que orientavam o que não dá certo com o uso da tecnologia para o ensino. Se o blog anteriormente era do professor, passou a ser dos alunos, novos produtores ativos na construção e elaboração da tarefa. Mas a intenção original do trabalho foi mantida: em sala iniciavam-se as discussões, que prosseguiam no ambiente virtual – já que a falha não foi o recurso e sim a metodologia do professor.
 
O resultado foi o envolvimento dos alunos com outras disciplinas para a coleta de dados, discussão e publicação dos textos nos blogs. O interesse pela leitura e escrita aumentou quantitativa e qualitativamente, se comparado ao manifestado nas aulas tradicionais que ministrava. O envolvimento dos alunos nas aulas também foi diferenciado. Era visível a inquietação deles em pesquisar, buscar dados, saber o que os colegas estavam escrevendo, solicitar a leitura do colega antes do texto ser publicado, bem como foi possível perceber também a busca em outras fontes de informação, não somente aquelas indicadas pelo professor. Os alunos passaram a ser verdadeiramente ativos, aplicando autonomia na aprendizagem.
 
Sobre o uso da linguagem nos blogs, os alunos mostraram a familiaridade com construções hipertextuais e com integração de linguagens. Os textos disponibilizados para os leitores virtuais incluíam links para outras mídias, gêneros e tipos textuais. A escrita convencional não seria o suficiente para esta dinâmica. E, ao contrário do que muitos estudiosos pensam, os alunos se preocuparam mais com a escrita, com o desenvolvimento do discurso, a argumentação dos textos. Isso porque o blog é um ambiente público, e eles não teriam o controle de quem e quando seriam lidos os seus textos. O professor deixou de ser o único leitor.
 
A pesquisa mostrou os desafios que teremos que enfrentar para mudar nossos modos de ensino mais tradicionais. Além de superar antigos problemas já debatidos na literatura sobre ensino de língua materna, hoje temos que ter, igualmente, a preocupação em favorecer o acesso à comunicação no meio digital. E o uso do blog como tarefa de sala de aula favorece a prática de produção textual porque promove maior engajamento dos alunos, propicia a leitura de uma diversidade de gêneros disponibilizados na internet, gera debates mediados pela escrita. O trabalho com blogs em aulas de produção textual é favorável devido ao seu contexto de produção. As aulas tradicionais têm em média 50 minutos e, quando a aula termina, o conteúdo é finalizado. No blog não há limitação de tempo. Várias outras ferramentas são utilizadas para otimizar as discussões, como a hipermídia e a multimídia.
 
O blog, como ferramenta para o professor, é uma possibilidade de aperfeiçoar o seu trabalho, estendendo a sua disciplina no tempo e no espaço, que pode ser usado para oferecer outras fontes de pesquisa para o aluno. É dinâmico para a argumentação, leitura, questionamento, crítica. O blog favorece a participação coletiva, formando autores, coautores, leitores assíduos e alunos mais envolvidos com a leitura e a escrita. O blog pode servir como um diário de bordo, como espaço de discussão de temas entre professor e aluno, ser utilizado como resultado de uma pesquisa que foi desenvolvida em sala, entre inúmeras utilidades que ainda estão por vir.
 
A ferramenta em discussão, o blog, é na verdade apenas mais um espaço – entre tantos que o professor pode explorar –, um pretexto para entender que o uso de tecnologia na escola é inevitável. Enquanto os professores têm resistência em aderir aos gêneros digitais, nossos alunos respiram tecnologia. Trazer este aluno para a sala de aula exige dinamismo. Neste sentido, a tecnologia pode contribuir. No entanto, o uso das páginas digitais demanda mudanças sensíveis no perfil do professor: ele deixa de ser o fornecedor dos textos, aquele que controla o debate e avalia os textos produzidos. O professor passa a ser mais um orientador e, embora ainda avalie e dê nota ao conteúdo produzido no blog, na prática deixa de ser o leitor-alvo dos textos.
 
* Claudia Rodrigues é professora do ensino médio do Colégio Marista de Uberlândia e autora da pesquisa O uso de blogs como estratégia motivadora para o ensino de escrita na escola, Unicamp, 2008.
 
Arte: Luiz Carlos Ferreira